Às vezes me sinto coach

ou o impulso pra próxima

Sabe todas as reclamações que você fez pro seu ex-namorado? Então, ele vai botar em prática no próximo relacionamento. Aceita. Ele vai jogar aquela camiseta feia fora, ele vai parar de fazer aquele barulho que você odeia enquanto come, ele vai gostar de rolês que você sempre quis ir e ele nunca foi com você. Ir pra praia? Ele topa na hora! Almoço na casa da família da nova namorada? Toda semana… É bem frustrante, eu sei, mas é real.

Já conversei com várias amigas sobre isso e é um padrão: tamo sempre preparando o cara pra próxima. Talvez seja até um exercício de sororidade, não sei. Tem uma amiga minha que fala que a gente pega na planta e a tendência é valorizar… mas nem sempre tamo valorizando o bem pra ficar com a gente, né? Muitas (e MUITAS) vezes, tamo devolvendo algo melhor pro mercado. E qual é o impacto que isso tem na gente? Eles levam um pouco de nós e deixam um lastro de trauma e ressentimento? Dramática, né? Ah não, vamo mudar isso!

Ía falar que vejo muita mulher foda em relacionamento bosta, mas pensando bem, eu vejo muita gente foda em relacionamento bosta. Dar e receber, né? Mas o que vai, nem sempre volta e isso mina a nossa energia e a vontade de fazer dar certo. E quem ta num relacionamento bosta, ou já esteve, sabe que ele é sustentado pela vontade de um só: e normalmente, esse é quem ta tentando consertar o outro e esse outro reclamando que você não deixa ele ser quem realmente é. Ai ai… momentos.

Numa espiral eterna de inocência, ou ilusão, que a outra pessoa vai começar a responder as mensagens mais rápido pra não alimentar sua insegurança, que vai te colocar como prioridade uma vez na vida, que vai ceder só pra te agradar. É… não vai. Talvez no próximo relacionamento ele entenda a importância do que você pontuou em algum momento, mas com você, vocês já se conheceram assim, não muda. ‘As mesmas diferenças que unem, separam’, já diria minha mãe. E tudo aquilo que te atraiu, quando não tem o comprometimento do outro, te joga pro lado oposto de um jeito quase violento.

Ou, na verdade, ele só não estava disposto a mudar POR VOCÊ. E isso dói demais. Mexe com ego, com autoestima, com a vontade de conhecer gente. Você entra no Instagram (que saí de novo pois AVE MARIA NÃO AGUENTO MAIS), e vê ele lá, namorado do ano. Viajado, mais bonito, mais interessante e pensa: “EU NÃO TO VALENDO NADA”… Mas quem perdeu foi ele. Né? Será?

Eu tenho visto que quem perde é a gente de se doar quando não há reciprocidade. E por a gente, é por todo mundo que usa o outro de ‘projetinho’. Ninguém conserta ninguém. Eu acredito que os relacionamentos são pra um apoiar o outro, não pra um ser o coach de carreira/comportamento/estilo do outro. Eu não quero que ninguém me mude, pra que eu vou tentar mudar o outro? É automático… eu acho que aquilo vai ser melhor pra ele, vou dar um jeitinho de moldá-lo.

E nesse jeitinho, eu to impondo o meu jeito. A minha verdade. Que não é absoluta e nem incontestável. É só a minha forma de encarar o mundo. É como funciona pra mim… talvez, então, seja eu que não estou disposta a aceitar o jeito do outro, né? Mimada? Vocês já sabem que sim.

Relacionamento não são feitos de pessoas iguais, nem diferentes, nem complementares, nem nada disso. Relacionamentos são feitos de pessoas dispostas. E se ele não ta disposto a mudar ou se você não ta disposto a aceitar que ele não vai mudar, não tem ninguém certo nessa história.

Às vezes eu penso se um coração partido não é só uma consequência de atitudes tóxicas que eu tive. Projetando ali o que eu idealizei que seria legal. Será que eu não tava toda errada o tempo todo e bom mesmo era _________. Cada um que complete sua lacuna, eu não vou me comprometer assim, não.

No próximo relacionamento ele assume, namora, casa e muda de ideia sobre ter cachorro. Você foi um test drive e tanto. Um treinamento daqueles que ele vai postar até certificado nas redes - do LinkedIn ao Tinder. No próximo, ele vai ser ele de verdade - não tudo que você quis que ele fosse. Ou a versão que você preparou pra ele levar por aí. E se for isso, talvez você não estivesse tão errada assim e fez um favor pra humanidade.

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Força, solteiras! Compartilha esse texto com quem já foi ONG de boy.

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