Quando foi que eu resolvi que minha vida tem que ser uma sabatina? Um jogo de ping pong eterno?
PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA-PERGUNTA-RESPOSTA.
É assim que eu me sinto. Será que isso é estar na defensiva o tempo todo? Será que eu to ouvindo pouco o outro e to só respondendo? Ou pior: será que eu to ME ouvindo pouco?
Quando eu resolvi sair do Instagram, no ano passado, foi um pouco por causa disso. Eu comecei a sentir uma necessidade de me posicionar sobre tudo, ter uma opinião formada e participar de toda e qualquer conversa. Mas isso estava me drenando. Minando a minha energia. A Stela disse bem no último texto e eu vou traduzir num português menos poético: ta foda.
E eu não busco exatamente alienação. É impossível me alienar num mundo que joga na nossa cara todos os dias uma realidade difícil de acreditar. Mas eu tenho buscado tratar as minhas questões mais íntimas com leveza. E tentar trazer essa leveza para o que não necessariamente precisa ser pesado, mas nós acabamos dando um peso maior. E esse meu sintoma de ter que me posicionar sobre tudo, o tempo todo tem me chamado atenção.
O primeiro sinal que eu percebi foi na terapia, há umas duas ou três semanas. Ela me questiona e eu respondo. Ela me faz refletir, eu elaboro o que eu to sentindo. Réplica-tréplica e por aí vai. Ela me aperta um pouco mais contra a parede e, de repente, eu travo: “não sei”. E nesse dia, eu tive uma grande revelação da análise que pra muita gente vai parecer bem óbvio: eu não preciso ter todas as respostas. Minha terapeuta, inclusive, fez questão de reforçar: “você está aqui pra se questionar, não pra me responder”. E isso, papinhers, foi transformador pra mim.
E agora, eu to tentando organizar meus pensamentos pra entender o que eu to sentindo. Me explico: eu criei uma mania besta de falar que to morta por dentro. [E to achando que eu vou misturar alguns temas aqui, então preparem-se, ok? Prometo amarrar tudo no final.] E por ‘morta por dentro’, eu quero dizer que to desacreditada no amor. E de tanto repetir isso, eventualmente, eu vou acabar acreditando ou já acredito, não sei. E eu tava certa disso.
Tão certa, que toda vez que era questionada já respondia sem pensar muito. Tomei aquilo como verdade. A resposta na ponta da língua. E eu sou cheia dessas. Segundo minha vó, eu sempre fui uma carniça. Nunca gostei de ser contrariada, nunca fiquei sem resposta e sempre achei isso uma qualidade. Pois é, to começando a achar que me permitir não ter a resposta talvez seja a paz que eu tenho buscado.
Profissionalmente, eu preciso de respostas. Nem que seja ‘vou verificar e já te falo’. Preciso ser rápida e sempre me orgulhei de ser. Confesso que ultimamente to meio lenta, um cérebro pós-covid, talvez. Mas, ainda assim, ligeirinha. Olhinho esperto, como uma amiga costuma dizer. E aí, voltando pra essa conversa de ‘estar morta por dentro’, eu fui questionada se era isso mesmo ou se eu tava só mais pé no chão pra não iludir. Não sei. E essa conversa me bagunçou. Bastante. Virou papinho e tudo.
Eu sou afetuosa. Eu me emociono, eu choro, eu abraço, eu cuido. Eu sinto e sinto o tempo todo. Até demais. Como que eu posso estar morta por dentro? Por que eu resolvi repetir tanto isso a ponto de eu começar a acreditar? Pode ser que eu esteja traumatizada ou só repensando a minha ideia de amor romântico que a gente comprou por uma vida todinha. E nem sei se é isso também, esse texto vai ser todinho pra falar que eu não sei, basicamente. Parte da minha nova versão vulnerável é admitir esse tipo de coisa.
E o meu papinho de hoje é pra falar que to cansada. Cansada de estar informada, cansada de ter respostas, cansada de ter que resolver e decidir tudo o tempo todo. Tenho terceirizado bastante pro universo decidir as coisas pra mim. Se tiver que ser, será.
E esse meu cansaço me levou a criar algumas teorias que eu passei a tomar como verdades absolutas. E, não. Não to morta por dentro. Vou parar de falar isso. Na verdade, vou parar de inventar resposta para o que eu não sei e tentar descobrir, um dia de cada vez, o que se encaixa mais na Julia de 2022. Não da pra gente se apegar à versões menos atualizadas de nós mesmos, com respostas ultrapassadas e que só perpetuam inseguranças e comportamentos contraproducentes.
Chega. Ta virando texto de coach.
O que eu quero, é internalizar de uma vez por todas que tudo bem não ter resposta. E ainda assim, questionar as respostas que eu já tenho. Não numa espiral infinita de nunca estar satisfeita, mas de não me conformar e me acomodar com uma resposta que não se encaixa em quem eu sou e eu fui obrigada a comprar. Vale como lembrete pra você repensar também o que comprou e não ta questionando.
Será que você é mesmo o que fizeram você acreditar que era? Será que você quer mesmo o que fizeram você achar que queria? Não sei… vale repensar, mas sem pirar. Um dia de cada vez. Sempre. Depois da baguncinha, a gente começa a arrumar os pensamentos.
Por enquanto, to vivona e vivendo.
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Até o próximo! :) Compartilha com alguém que também precisa se questionar pra se sentir mais livre!
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Me identifiquei tanto… bora achar tudo bem nao saber a resposta, mas é difícil né?