Recentemente eu percebi na terapia (inclusive, se puder, faça) que eu to mais vulnerável. E essa foi uma descoberta tão incrível, principalmente porque eu sempre tive medo de ser vulnerável. Me assusta pensar que eu vou deixar as pessoas conhecerem uma parte de mim que eu reluto em admitir que existe. E quando eu entendi que eu tava nesse novo momento, eu percebi que as coisas tinham ficado mais leves. Eu tendo a passar a imagem do ‘tudo sob controle’ e, na verdade, isso me deixava isolada e não mais forte.
Eu não tenho medo de andar de avião. Nunca tive. Mas claro, quando aquele negócio começa a chacoalhar é inevitável pensar ‘esse é o fim?’. E por que eu to falando isso? Porque mesmo nessas situações eu não transpareço o surto. Uma mentalidade meio da aeromoça, com o sorriso no rosto e suspendendo o serviço de bordo às pressas. É que eu sempre achei que o meu pânico só ía gerar uma reação em cadeia que não ía fazer bem pra ninguém... e eu sou assim em todas as situações. Por dentro surtada, por fora pleníssima. E, finalmente, eu entendi que isso não tava me ajudando a lidar com as minhas questões. Talvez, o ideal seja por dentro surtada e por fora por dentro.
Conversando com a minha mãe, ela me disse que é ‘muito cansativo se resgatar o tempo todo’. E é. A gente pode até vir pro lado da positividade tóxica nesse papo, mas eu acho que vai além. Pra mim, não é ver o lado bom de tudo, mas ter medo de conviver com os próprios pensamentos. A cabeça não para um minuto. A velocidade dentro de mim fica muito diferente do resto do mundo, que parece estar em câmera lenta. A famosa crise de ansiedade. E nessas horas não adianta fingir que está bem, é encarar a pior parte da gente e deixar outras pessoas entrarem e ser acolhida.
Percebi nesse processo também que eu tenho muita gente foda perto de mim. Disposta a ouvir e compartilhar. E quanto mais eu compartilho, mais eu vejo que eu não sou esse alecrim dourado todo, esse moranguinho raro, a única com essas questões, inseguranças, incertezas e medos. Dividir pra conquistar, né? E quanto mais eu divido, menos exposta e mais forte eu me sinto. É, ‘a vida é irada’, já diria o poeta.
E esse é um bom resumo do que me trouxe aqui. Compartilhar com quem quiser se expor e se sentir mais forte com isso. Você pode ler e pensar ‘que papinho, hein?’, mas acho que talvez a intenção seja essa mesmo. Colocar em perspectiva e deixar mais leve o que às vezes tira o nosso sono. Bora?